Dr. Luiz Carlos Lenzi

Não é nada diferente.

Ao se assistir, em um filme, o Velho Oeste americano sendo desbravado, e ao lembrar dos velhos tempos em que a Medicina era feita apenas por heróis.

Praticamente sem antibióticos, com exames laboratoriais mínimos, sem mesmo um exame de Raios X adequado. Cirurgias feitas com um zelo tão intenso quanto era a falta de recursos para tratar uma complicação.

Os campos operatórios cuidadosamente suturados nas bordas da incisão, para evitar o contato com a pele. A hemostasia rigorosíssima, para evitar hematomas, meios de cultura para uma eventual infecção. Tudo isso contrastando com o tempo cirúrgico, que não poderia ser prolongado demais, pela exposição ao ar contaminado, e pelos inalantes anestésicos por demais tóxicos, bravamente administrados pela freira “anestesiologista”, com seu inseparável OMBREDANNE.

Uma infecção de subcutâneo já era uma nova luta contra o tempo. Analisar as condições naturais do paciente para determinar se a natureza e os cuidados, então tão rudimentares, seriam capazes de solucionar o quadro.

Não é nada diferente.

A visão do Oeste Americano e a visão da nossa velha Medicina sendo desbravados.

Foi neste cenário romântico, de sacerdócio, de dedicação absoluta, que Blumenau foi premiada com a vinda do Dr. Eduardo Vitoldo Ferencz, ao Hospital Santa Isabel, no ano de 1956, tendo iniciado ele, então, a história da Ortopedia em nossa cidade.

Mãos escovadas

Nascido em Curitiba, formado muito jovem, na cidade do Rio de Janeiro, Eduardo voltou à sua cidade natal. Atendendo a um pedido de sua mãe, que tivera perdido precocemente seu marido, pai de Eduardo, também médico, lá ficou por um pequeno período de tempo. Chamado pelas Forças Armadas do País, durante a 2ª Guerra Mundial, abandonou a sua clínica para cumprir a obrigação civil. Terminado o Conflito, foi convidado a clinicar na cidade de Brusque, onde permaneceu por vários anos. Mas, incitado por um ortopedista de grande porte, da cidade de Porto Alegre, Eduardo começou a familiarizar-se com a especialidade. Até hoje, do alto de seus 91 anos de idade, Eduardo lembra com saudade os ensinamentos e conselhos do Dr. César Ávila, para quem a Ortopedia era a especialidade do futuro. Teve com o Dr. Cesar os primeiros contatos. Depois com o Dr. Baddo, em Montevidéu, alguns aprimoramentos.

E, nesse ano de 1956, as freiras do Hospital Santa Isabel recebiam, com toda a expectativa, a chegada deste novo médico impregnado de planos e projetos.

Sob sua orientação e exigência, as mudanças começaram a ser efetuadas.

Telas nas salas de cirurgia, desinfecção com tempo triplicado, escovação de mãos com água destilada, acondicionada em tambores de aço acima das torneiras…

As fraturas começaram a ser operadas com maior frequência. Num contraste gritante com a parafernália metálica hoje existente, uma placa com parafusos era de difícil aquisição. Geralmente em oportunidade de viagens para centros maiores, e não poucas vezes adquirida com recursos próprios, nunca resgatados. Em sua ausência, tiras de perôneo instaladas na medular de um osso, com grande instabilidade, era o recurso único e genial.

As cirurgias de coluna, já em tempos mais recentes, mas mesmo assim aparentemente tão longínquos, sendo preparadas 3 dias antes do procedimento, com a confecção do leito gessado no próprio paciente, e que seria o seu habitat por longos e longos meses.

As fraturas expostas, que ultrapassavam qualquer tentativa de tranquilidade em relação a bons resultados.

Os gessos, confeccionados pela adição de rolos de tecido ao pó de gesso acondicionado em caixa de madeira com manivela especialmente feita para este fim.

Desafiando conceitos

Nesse clima de desafios e abnegação, a Ortopedia de Blumenau foi evoluindo. As necessidades foram aumentando. E, na real proporção em que se desenvolvia a indústria, principalmente a têxtil, juntamente com o trânsito automobilístico na cidade, chegava ao Hospital Santa Catarina o Dr. Antonio Marcos Ulian, para somar ao então único ortopedista da região, o Dr. Eduardo, do Hospital Santa Isabel.

E assim foi.

Seguindo os passos dos pioneiros, vieram para suprir as necessidades sempre crescentes os ortopedistas Dr. Gerd Udo Gromann, precursor da artroscopia na cidade, com seu artroscópio de visão direta; Dr. Luiz Carlos Lenzi, iniciando o ciclo de subespecialidades com a cirurgia de mão; Dr. Aldo Gil Gonçalves, trazendo para a cidade a maior evolução da época em osteossínteses, que foi a placa de autocompressão; Dr. Paulo Antonio Bordone, que logo se dedicou à área de coluna vertebral. E muitos outros colegas de igual valor.

As técnicas iam sendo desenvolvidas e, amparadas por exames gráficos cada vez mais sofisticados, foram adquirindo uma velocidade admirável.

Da osteossíntese com fios de Kirschner para as placas e hastes autobloqueantes. Das artrodeses e ressecções artroplásticas para as artroplastias totais. Das cirurgias de exposições amplas para as videoartroscopias, muito tempo se passou. Mas não mais do que apenas uma geração. Somos personagens do tempo em que o ortopedista fazia plásticas reconstrutivas, tratava de queimados graves controlando ele mesmo sua evolução, e dos traumas em geral. Hoje, as mudanças nos obrigam a cuidar de uma só região corporal.

E assim foi.

Determinada pela necessidade cada vez mais imperiosa, surgia em Blumenau, no dia 30 de agosto de 1996, o IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia), como a primeira unidade médica da cidade, para atendimento clínico e cirúrgico fora do ambiente hospitalar.

Nascido da ideia e determinação dos médicos Luiz Carlos Lenzi, Aldo Gil Gonçalves, Gerd Udo Gromann, Paulo Antonio Bordone, e logo em seguida incorporada pelo Dr. Leandro Castro Rodrigues, o IOT iniciou suas atividades na Alameda Rio Branco, com 2 consultórios, 1 sala de gesso, 1 RX, e 2 salas de cirurgia para pequenos e médios procedimentos.

Tal como o Dr. Eduardo Ferencz havia desbravado a medicina local, iniciando a especialidade ortopédica na cidade, este grupo de médicos desafiou o conceito fortemente encravado nos costumes da região, de que os procedimentos cirúrgicos obrigatoriamente deveriam ser realizados em Hospital.

Oferecendo todos os recursos existentes nas grandes Casas de Saúde do País, e adicionando o zelo e cuidados especiais permitidos pela sua característica, o IOT cresceu numa velocidade além do esperado, tornando-se logo insuficiente para a demanda diária.

Novos planos, novos sonhos e novas realizações.

Na busca incansável de manter vivo o projeto inicial, o grupo se fortaleceu com a vinda de novos colegas, e nova etapa da Medicina Ortopédica e Traumatológica se consolidou.

Olhar para o futuro

Em julho do ano de 2006, o novo IOT iniciou suas atividades. Numa área própria de 2500m², os ortopedistas Luiz Carlos Lenzi, Gerd Udo Gromann, Aldo Gil Gonçalves, Paulo Antonio Bordone, Leandro Castro Rodrigues, Ralf Gehrard Klassen, Claudio Gromann, Crischiman Dal Zotto, Rodrigo Vanzelli, Luis Felipe Novaes, desenvolvem suas especialidades em mão e cotovelo, pé e tornozelo, joelho, quadril, ombro, coluna vertebral, e ortopedia infantil, consolidando os procedimentos de videoartroscopia em joelho, ombro, tornozelo e, em desenvolvimento, o quadril.

Com um ambulatório comportando 5 salas para gesso e curativos, 8 consultórios e 15 leitos para internação, conta também com 4 salas de cirurgias que oferecem os recursos mais atualizados para tornar estes procedimentos cirúrgicos os mais seguros possíveis.

São salas enclausuradas com climatização permanentemente renovada e com sistema de pressão positiva, que impede a entrada de agentes potencialmente contaminantes da área externa para o interior da sala; piso totalmente eletrostático, evitando a transmissão de efeitos eletromagnéticos entre aparelhos e/ou pessoas; Intensificador de Imagens; equipamentos anestesiológicos de última geração; e sistema de gravação de cirurgias, com disponibilidade de transmiti-las para outro setor, possibilitando o seu acompanhamento pelos familiares dos pacientes.

Além da preocupação com a segurança e com o conforto do paciente, o IOT se destaca pela preocupação com o meio ambiente, utilizando sistema de captação de água de chuva para as necessidades básicas, e sistema de captação de energia solar, para minimizar o consumo de energia elétrica. Do ponto de vista social, além de projetos já definidos e prontos para atuação, o IOT concentrou todos os esforços necessários para a reconstrução total e manutenção da praça pública adjacente ao Instituto, e que tanto agrada às crianças do bairro.

Blumenau tem hoje sua história marcada por desafios e vitórias. Tem seu lugar merecido entre as cidades que se destacam na área ortopédica. Lugar conseguido pela bravura e dedicação de ortopedistas pioneiros, e que certamente será mantido pela inclusão dos novos e brilhantes profissionais que aqui chegam.

Blumenau. Um centro ortopédico de tradição e de futuro.

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